Na Bahia, Dilma dá duas versões sobre apoio de Lula a Wagner

A presidenciável petista Dilma Rousseff voltou a deslizar - nos dizeres baianos - e deu duas versões para o que teria dito, neste domingo (27) pela manhã, o presidente Lula sobre o apoio ao governador Jaques Wagner, candidato petista na Bahia.

Na coletiva que antecedeu os discursos na convenção estadual petista, realizada no Centro de Convenções da Bahia, Dilma disse que, numa conversa por telefone, Lula havia pedido para avisar a Wagner: "manda meu abraço e vê se ele se elege governador na Bahia". Na convenção, foi oficializada também a candidatura de Otto Alencar (PP) a vice e de Walter Pinheiro (PT) e Lídice da Mata (PSB) ao Senado.

No discurso na convenção petista, Dilma deu uma nova versão do recado ou contou apenas outro ponto: "pede para ele trabalhar cada vez mais". Desta vez a ex-ministra da Casa Civil não citou a preferência de Lula por Wagner. Na Bahia, a candidata petista tem também o apoio do ex-ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB).

Já no final do discurso, a ex-ministra provocou alguns risos entre os presentes à convenção. "Desejo um Axê", disse. Percebendo que havia escorregado na pronúncia, foi corrigida e emendou: "desejo um Axé", palavra que significa força.

Em seu discurso Dilma deixou claro que o apoio natural dela é para Jaques Wagner. "Eu, você (Wagner) e o presidente Lula somos irmãos de alma, no mesmo projeto de transformação da Bahia e do Brasil", disse.

Sobre a questão dos palanques, o governador Jaques Wagner, na coletiva que precedeu os discursos, contemporizou: "Dilma não veio pedir votos para ninguém. Nós é que pediremos votos para ela", afirmou, referindo-se também à candidatura peemedebista. Wagner disse que trabalhará para que Dilma tenha, no primeiro turno, algo entre 1,7 e dois milhões de votos na Bahia.

Maria Quitéria e Irmã Dulce

Em seu discurso, o governador Jaques Wagner comparou a personalidade de Dilma à de duas baianas ilustres, Maria Quitéria, heroína da independência da Bahia, e Irmã Dulce, freira baiana que está em processo de beatificação pelo Vaticano e realizou a maior obra assistencial do Estado. "Um pedaço de Irmã Dulce está dentro de seu coração".

A favorita de Lula disse também que sua candidatura concretiza para outras mulheres a possibilidade de quererem ser presidente da República. "Quando criança, eu queria ser bailarina. Ao contrário de outros que dizem que desde os cinco anos queriam ser presidente", ironizou.

Ela disse que, ao contrário da versão popularmente aceita, não é dura demais - quando a chamam de inflexível -, nem frágil - quando a acusam de ser submissa a Lula. "Sou mulher como qualquer outra, tenho capacidade de decisão. Sei escolher entre A, B ou C. Sou bem igualzinha a qualquer mulher", declarou.

Reformas

A presidenciável petista afirmou que a situação tributária no Brasil é caótica. Ela, numa planejada reforma tributária, espera homogeneizar as alíquotas do ICMS nos Estados, evitando a atual guerra fiscal entre as unidades federativas, que classificou como prejudicial. Quanto à reforma política, disse que lutará por financiamento público de campanha, voto em lista, fidelidade partidária e melhora e reforço para a estrutura dos partidos.